lunes, 22 de junio de 2020

IMAGEN DE SAN MIGUEL (em português)

IMAGEM DE SÃO MIGUEL


  A imagem de São Miguel Arcanjo é uma esplêndida escultura policromada e dourada no estilo gótico tardio flamengo, executada na Flandres durante o primeiro terço do século XVI.

Segundo a sua iconografia usual, o Arcanjo é representado no momento de abater o dragão apocalíptico (Ap. 12, 7-9), ou seja, Satanás, que se contorce aos seus pés sob a aparência de um monstro híbrido ao juntar-se na sua figura elementos proprios de diferentes espécies animais: chifres de cabra na testa, presas de javali na boca, garras de leão e asas de morcego membranosas nos membros anteriores, cascos de cabra nos quartos traseiros e uma cauda de símio, escolhida pelo seu tradicional simbolismo demoníaco.


  De acordo com o caráter bélico do tema encarnado e devido à influência do teatro religioso medieval, o capitão alado das milícias celestes é anacronicamente protegido por um capacete empenachado, uma couraça com as saias dispostas sobre uma cota de malha mal interpretada e presas ao peitoral por meio de tiras com fivelas, joelheiras decoradas com motivos espirais em relevo e ailerons ou barbatanas, combinando com a única cotoveleira visível, duas pequenas lâminas imbricadas, as grevas e escarpes de ponta arredondada, refletindo as inovações introduzidas no traje militar ao longo do século XV. Completa a sua indumentária uma ampla capa vermelha com capuz presa no peito por um broche romboidal de ourivesaria, sob a qual se esconde o braço esquerdo carregando um escudo oblongo decorado com as iniciais Q.S.D., alusivas à sua preeminência entre os anjos, já que constituem a abreviatura da frase latina Quis sicut Deus (Quem é como Deus ou Aquele que é como Deus), enquanto o braço direito mantém-se livre para empunhar o seu outro atributo, a espada.


  Do ponto de vista estilístico, as características desta imagem remetem a modelos nórdicos do início do século XVI, apesar das lamentáveis ​​repinturas sofridas.


  A sua postura frontal rígida, descarregando o peso do corpo sobre uma das pernas e avançando a outra ligeiramente fletida, lembra a das esculturas alemãs de São Adriano (coleção particular) e São Miguel (Museu Nacional de Antiguidades de Estocolmo), mas sobretudo à estátua de São Luís, conservada na igreja de São Mateus de Meensel. Com esta última também compartilha muitas das peças integrantes da sua armadura, assim como com a escultura brabançã de São Miguel (Museu Mayer Van Den Bergh, Antuérpia), cujo tipo oferece maiores semelhanças até na ornamentação das joelheiras, sem esquecer a atitude similar do diabo estendendo as patas dianteiras envoltas em estilizadas asas de quiróptero para se agarrar ao Arcanjo com as suas garras.

Da mesma forma, o tratamento peculiar de seu cabelo em finas madeixas separadas por rítmicas estrias onduladas coincide com o de outras obras dos antigos Países Baixos meridionais datadas por volta de 1520-25, entre as quais o São Martinho da igreja do seu título em Tielt e o dos Museus Reais de Belas Artes de Bruxelas. Tais afinidades, portanto, confirmam a origem brabançã do Padroeiro de Tazacorte e permitem que seja datado por volta da segunda década daquele século.


  “A Ilustre Câmara Municipal da Vila e Porto de Tazacorte, em sessão plenária realizada a 29 de setembro de 2007, concorda nomear São Miguel Arcanjo, padroeiro do município e da Ilha de San Miguel de la Palma, presidente honorário e perpétuo da Câmara Municipal da Vila e Porto de Tazacorte, representado na imagem que se venera na paróquia do mesmo nome deste município.”