lunes, 22 de junio de 2020

CÁLIZ Y ARQUETA (em português)

O CÁLICE E A ARQUETA


  “A arqueta de Tazacorte é uma arqueta prismática de madeira forrada em couro gofrado em oro com tampa semicircular. Asa rebatível sobre a cobertura e fechadura na frente, ambas em bronze. A decoração baseada em motivos vegetais em formações geométricas e fitas curvilíneas de desenho simétrico formando faixas e medalhões, distribui-se numa faixa principal cercada por frisos de folhas de videira e volutas, como cornija e rodapé. Todos renacentistas com cabeças de perfil simetricamente enfrentadas femininas e masculinas (lembram a efígie de Carlos V) repetem-se sobre a tampa e os laterais. Tanto o formato e as proporções da caixa como a sua decoração seguem as novas tendências do renascimento italiano.”

 

  Esta arqueta tem as medidas de: 28 x 19 cm (base), 18,30 cm (altura) e é anterior a 1570. Contém as relíquias que o Papa São Pio V entregou em Roma ao padre Inácio de Azevedo. Entre as vinte e duas inventariadas em 1718, a magnífica arqueta contém as seguintes relíquias: parte da tíbia de Santa Cristina (uma jovem da Toscana que sofreu os mais terríveis martírios), o maxilar de Santa Inés (virgem e mártir romana decapitada após ter saído ilesa da fogueira), ossos do Papa São Gregório Magno (um dos quatro Padres da Igreja Latina e eleito Pontífice contra a sua vontade em 590), roupas das Onze Mil Virgens (asseteadas junto com Santa Úrsula pelos hunos diante das muralhas de Colónia), uma costela dos Santos Inocentes (as cento e quarenta mil vítimas do cruel Herodes), um pedaço da cabeça de São Vicente Mártir (diácono aragonês martirizado em Valência no ano 304 durante a perseguição de Diocleciano), etc.


  O cálice de prata era o que existia na ermida de São Miguel de Tazacorte, propriedade daquele templo, e não podia aparecer como uma das relíquias oferecidas. Este famoso cálice foi conservado em Tazacorte por cento e setenta e cinco anos, a partir da data em que o Padre Inácio celebrou com ele, ou seja, de 1570 até ao final de maio de 1745, quando o senhor Bispo D. Juan Francisco Guillén, numa visita ao santuário de Tazacorte, levou-o consigo, entregando-o aos Padres Jesuítas de Gran Canaria, de onde parece que mais tarde foi transferido à igreja do mosteiro de religiosas Bernardas da referida ilha; cálice que nesta última residência só era usado na Quinta-Feira Santa.


  O próprio bispo determina que é uma tradição constante entre o povo que a Eucaristia de 13 de julho ocorreu nesta igreja e que o martírio aconteceu à vista do porto. (Veja a lápide na parte de trás da igreja na nave central).


  Este cálice esteve em Roma desde 1831 até à sua chegada a La Palma, a 16 de julho de 2009.