lunes, 22 de junio de 2020

HISTORIA DE LOS MÁRTIRES (em português)

A HISTÓRIA DOS MÁRTIRES

  

  Neste texto, veremos a história dos mártires enquanto contemplamos os murais de Erik Cichosz.


  O reverendo padre frei Inácio de Azevedo, natural do Porto e possuidor de singulares qualidades missionárias, tinha visitado o Brasil, chegando a ser nomeado Provincial daquela terra americana. Retornou à Europa por assuntos de sua missão e foi recebido por Sua Santidade o Papa Pio V, de quem era estimado. Rrecebeu várias relíquias de mãos de Sua Santidade, que ele deixou, ou pelo menos algumas delas, em Tazacorte.


  O General da Ordem da Companhia de Jesus, São Francisco de Borja, tinha ordenado a missão que o Padre Azevedo iria dirigir. A 5 de junho de 1570, saiu de Portugal no navio Santiago, junto com outros trinta e nove religiosos que o acompanhariam nas missões no Brasil. Desde Portugal, seguiu para Tazacorte, um porto na parte ocidental da ilha de La Palma, onde eles iriam tomar um carregamento de açúcar de cana dos então magníficos engenhos de Argual e Tazacorte para depois ir despachá-los em Santa Cruz de La Palma, onde residiam os Juízes Delegados da Casa de Contratação, com autoridade para despachar os registos de navios rumo às Índias, chamados já em 1570 Juízes das Índias.


  O navio de grande porte Santiago deveu chegar a Tazacorte por volta de 6 de julho de 1570. Tinha saído de Portugal no dia 5 de junho e, presumindo ventos favoráveis ​​naquele mês, demoraria cerca de quatro dias para chegar à ilha da Madeira, onde permaneceu ancorado por razões desconhecidas vinte e quatro dias, e depois cerca de três dias para chegar a Tazacorte.


  Em Tazacorte, o padre Inácio de Azevedo pôde abraçar o seu querido amigo D. Melchor de Monteverde, filho de D. Jácome de Monteverde, proprietários da fazenda e do engenho de Tazacorte.


  A estadia de sete dias do padre Azevedo e dos seus companheiros na feraz terra de Tazacorte foi muito gratificante. Às lembranças indeléveis da infância, renovadas e celebradas na casa dos Monteverde onde todos os religiosos e o capitão Vasconcelos se hospedaram, juntou-se o espetáculo prodigioso daquela terra ubérrima, fértil como se a mão de Deus tivesse colocado nessas latitudes temperadas um pedaço singular dos trópicos. Ilhas de Açúcar foram chamadas as Ilhas Canárias por causa da fama dos seus canaviais.


  A 13 de julho de 1570, o padre Azevedo celebrou a sua última Missa em terra. ACONTECEU NESTE LUGAR (leia a lápide ao fundo da Igreja). Assistiram com especial devoção todos os missionários e pessoas livres da tripulação, a família Monteverde e muitos vizinhos. Todos receberam a Comunhão, e ali, no momento de beber do cálice, o padre Inácio, suspenso por alguns instantes, teve a Revelação do martírio que ele haveria de sofrer. No cálice de prata da ermida, com o qual o padre Inácio celebrou a Santa Missa, ficou um sinal ou impressão feita com os dentes no momento da revelação. (MURAL DO CENTRO À ESQUERDA)





  Terminada a cerimónia religiosa, a marca do cálice pôde ser observada. O padre Azevedo parecia possuído por um estranho brilho difuso, algo como um nimbo sobre a pele, de luz com fragrância. Foi então que, aproximando-se a D. Melchor de Monteverde y Pruss, ele lhe disse que, como prova da grande amizade e agradecimento e fé nas coisas de Deus, lhe daria várias relíquias sagradas que tinha recebido em Roma das mãos de Sua Santidade, o Papa Pio V. Desta maneira, as relíquias são trazidas do navio e entregues pelo padre Inácio ao Sr. Monteverde e depositadas nesta igreja e na Igreja das Angústias. (MURAL DA ESQUERDA)





  A origem desta caixa de madeira, revestida de couro cinzelado e dourado, pode ser verificada por outras caixas do mesmo tipo documentadas em várias igrejas do século XVI.


  No dia 13 de julho de 1570, o navio Santiago preparava-se para sair para o mar, rumo a Santa Cruz de La Palma, onde tinha de ser revisto e despachado pelo Juiz das Índias e tomar alguns pacotes que faltavam para completar o carregamento.


  O mar estava muito calmo. Uma brisa quase impercetível proveniente da terra, ao entardecer daquele dia, mal ajudou a sair. No dia 14, o navio seguia com as velas desdobradas, quase ao alcance da voz da terra, o mar sem vento algum. Ao pôr do sol, as velas aproveitaram um vento muito suave proveniente da terra que fez o navio manobrar, colocando a proa em direção à ponta de Fuentaliente.


  A noite deveu aproveitar-se algo. Com as primeiras luzes do dia 15 de julho de 1570, o navio AINDA ESTAVA À VISTA DO PORTO.


  Navios mais rápidos e poderosos, do pirata Jacques de Sores, o surpreenderam e dominaram ao amanhecer. A luta foi horrível. Os comandantes e a tripulação do Santiago foram mortos e lançados ao mar. Os franceses dos navios piratas eram huguenotes, calvinistas fanáticos. A embarcação dos missionários mostrava desde escassa distância ao litoral os sinais indeléveis da luta, os restos da beleza do seu aparelho: semi-desmantelado, via-se partido o mastro grande, o massame e as vergas tinham desistido e caído em desordem no convés e amura. Parte do velame mantinha-se prendido aos restos do aparelho, metade a bordo, metade na água. E aquelas velas rendidas, molhadas no salitre dos nossos mares, eram como uma mortalha simbólica, resíduos da matéria que desaparece na antítese dos espíritos que se eternizam. A frota de Jaques de Sores tinha aberto alguns buracos nos dois costados do navio cristão. Já se podia contar com uma presa valiosa: o navio cristão que iria aumentar o poder marítimo do pirata normando, o valioso carregamento de açúcar e outros víveres necessários.


  Ainda viviam os quarenta missionários jesuítas. De um navio maior governado ao pairo no lado de barlavento da abordagem, arria-se uma barca. Nela, iça-se o pano preto e a caveira de corsário. A bandeira pirata aparece também nos mastros dos outros navios normandos. Na barca, a modo de escolta, colocam-se uns marinheiros fortes de confiança, com a faca no cinto. Jacques de Sores aparece em seguida vestindo o seu melhor traje de gala. Coloca o pé no primeiro degrau da escada de cordas e, como um cavaleiro ao montar, salta por cima da borda e, cuidadosamente para não se sujar, desce até à barca onde o esperam, remos em alto, as envilecidas pessoas ao seu comando.


  Um vogar lento, um ar de pompa miserável, leva aquela barca descolada do costado do navio principal. O pirata, em pé na popa, olha fixamente para o convés da nau Santiago. No convés do Santiago aparecem os quarenta missionários. A liderá-los, o padre Azevedo, com uma pequena imagem da Virgem que o Papa Pio V lhe tinha oferecido, encorajando e confortando na Fé os outros companheiros.


  Jacques de Sores, já a bordo do Santiago, propõe que os religiosos abjurem a religião Católica. Garante perdoar a vida a todos. O pirata insiste. O rosto dos religiosos iluminava-se cada vez mais com luz inefável. No último convite, o pirata perde a serena prestância com que tinha iniciado o seu diálogo e aparece nos seus olhos um furor sangrento. Há um silêncio de majestade no ar salgado. Todos os olhares convergem no pirata normando, todo ele em cólera, e na oposta ternura de lírio dos missionários, já abstraídos noutras paisagens mais elevadas. Jacques de Sores dá a ordem terrível. Aquela escolta de confiança foi a primeira a atacar; e o padre Inácio de Azevedo, ferido na cabeça com uma espada, mal podia continuar a exortar aos seus companheiros a perdoar os carrascos, enquanto abraçava com força o pequeno quadro da Virgem. Os quarenta mártires de Tazacorte, com os pescoços esfaqueados, são lançados ao mar com a primeira luz do amanhecer do dia 15 de julho de 1570, à vista do porto de Tazacorte. Os martirizados eram dois padres, sete estudantes do Escolasticado, oito irmãos coadjutores e vinte e três noviços (MURAL DO CENTRO À DIREITA).





 Após o cruel assassinato dos Mártires de Tazacorte, o galeão de Jaques de Sores rumou para La Gomera junto com 28 reféns, onde foi recebido pelo conde de La Gomera, Diego de Ayala e Rojas. Este pede ao corsário francês que lhe entregue os sobreviventes e, assim, evitar mais derramamento de sangue. Enviados à Madeira poucas semanas depois, relataram o que tinha acontecido no ataque e esses relatos foram recolhidos na Relação do Martírio do Padre Inácio de Azevedo e os seus companheiros, pelo padre jesuíta Pedro Díaz.


  Santa Teresa de Jesus, (que tinha entre os mártires o seu sobrinho Francisco Pérez Godoy, natural de Torrijos, Toledo), garantiu ao seu confessor Baltasar Álvarez, no mesmo dia em Ávila, ter participado na sua oração da glória com que o céu tinha coroado aquele esquadrão de mártires missionários. Comunicou-lhe que tinha tido uma visão na qual vira esses mártires "entrarem no céu vestidos de estrelas e de palmas vitoriosas". (MURAL À DIREITA)





  O Papa Bento XIV, na sua Bula de 21 de setembro de 1742, reconheceu o martírio dos quarenta religiosos, e Pio IX, em 1862, no dia de Pentecostes, beatificou-os.


* Os murais foram realizados por ocasião da celebração do V Centenário da Evangelização da Ilha de La Palma a 29 de setembro de 1992.